JOTA: Outras Obras.
11/09 - 10/10/2023
Curadoria: Igor Simões
JOTA: OUTRAS OBRAS é a terceira exposição individual do jovem de 22 anos, nascido em Honório Gurgel e cria do Complexo de Favelas do Chapadão, nos subúrbios do Rio de Janeiro.
Nos últimos três anos muitas transformações ocorreram. O rápido reconhecimento de sua arte conduziu o pintor a destinos improváveis: das paredes do Masp, o importante museu brasileiro, à longínqua Amsterdam – onde realizou sua primeira exposição internacional – transitando, ainda, por “Dos Brasis”, amplo inventário da produção visual negra brasileira dos últimos séculos, que percorre o País.
Como cronista atento à realidade que o cerca, Jota vem processando e reinterpretando, pela pintura, as aceleradas mudanças que atravessam sua vida pessoal e profissional. Desafios, inquietações, experimentações. Um turbilhão em movimento.
Como assinala Igor Simões, em texto elaborado para a exposição:
“Temos um artista à procura. Buscando ir além do sucesso imediato de sua apresentação no tal ‘mundo da arte’. Aparição que rendeu críticas positivas, curadores atentos e colecionadores ávidos. Muito jovem, Jota está em estado de descoberta dos caminhos do que pode um artista. De onde pode ir sua investigação pictórica. São desses trabalhos que é feita essa exposição.
Trabalhos que também reúnem as viagens, experiências em museus e um outro encontro consigo, sua pintura e as mudanças de vida. Jota ainda é o menino preto do Chapadão que fez o movimento do canteiro de obras para a obra de arte. Mas também já não o é mais.”
O MT Projetos de Arte inaugura seu espaço no Arco do Telles, no coração histórico do Rio de Janeiro, com a exposição de Jota, na semana em que se encerra uma outra mostra promovida pela plataforma: “Heitor dos Prazeres é meu nome”, no Centro Cultural Banco do Brasil – RJ.
Há pontos de contato entre as obras e trajetórias de Heitor dos Prazeres e de Jota, apesar do século de distância que separa o veterano artista, nascido em 1898, do jovem que veio à luz no início deste milênio.
As desigualdades brasileiras continuam inabaladas e são retratadas pelos intérpretes dos séculos XIX e XXI. O Brasil contemporâneo amplia o contingente de excluídos
e marginalizados e a violência explode nas superpopulosas metrópoles. Nas noites da Lapa, território de boêmios, capoeiras e malandros reluz o cano de um revólver. Mas pelas frestas, ontem como hoje, mãos negras continuam produzindo arte de qualidade, insuflando aspirações de liberdade e prosperidade. Arte-vida permeada pela denúncia, na luta por justiça, oportunidades e cidadania. Mas sem renunciar ao afeto e à esperança.